quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Ousadia

Meu amor, dentro de horas termina mais um ano. Um longo ano feito de tantas coisas boas, de tantos momentos a dois, de tantas carícias partilhadas, de beijos trocados, de sorrisos lindos, de sonhos construídos a pensar em ti, de ilusões... Um ano em que travei guerras, em vivi imensos momentos tristes, de desalentos, de vida perdida, de sonhos desfeitos, de saudades, um ano em que chorei... Vi amigos partir para não voltar, amigos que voltaram mas que nada trouxeram, neste imenso universo de oportunidades perdidas, não consegui dizer-te que te amo e como te amo.
Meu amor, neste ano quero ir mais além, quero ser ousado, quero ser corajoso, quero-te só para mim, a tempo inteiro, sem ter de te partilhar, sem te perder nem por um instante. Este ano quero ser o teu amor. Eu sei que é ousadia amanhecer pensando em ti, seduzir-te e amar-te a qualquer hora e adormecer contigo ao meu lado. É ousadia sonhar com os nossos lábios colados, os braços entrançados e corpos rolando por entre os lençóis, sedentos, famintos, com o coração a transbordar de paixão, de amor, de vontade de ter, … de te ter. Ousadia é pensar em ti e pensar que podes partilhar esta balada comigo. Este ano quero ser ousado!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Paragem no tempo

Quem precisa deste tempo, deste buraco negro espacial, completamente vazio mas sofregamente devorador.
Como se esgotam os dias, como o tempo se escorre e com eles. Vagarosamente a vida se esvai, desinteressante, inconsequente e inconsistente.
Como me esgota e desgasta o tempo, numa dança a solo, umas vezes serena, outras num turbilhão, um vendaval que tudo arrasta e destrói.
Por vezes como um poema, delicadamente construído a pensar em ti, como um beijo com sabor a mar, deliciosamente saboroso.
Algo porque vale a pena esperar, algo porque vale a pena viver
Algo porque vale a pena lutar.
É aqui que vivo em constante conflito, neste labirinto de te ter, de te não ter.
Às vezes grito, às vezes choro outras barafusto.
Às vezes escrevo, às vezes fujo.
Fujo de mim, fujo dos outros.
Fujo porque não sou o que sinto, porque não sinto o que sou.
Mas sinto que vale sempre a pena esperar porque a vida é uma dança, uma esperança sentida e consentida.
Tudo começa no espaço, tudo começa num instante, tudo tem um tempo.
Tudo resulta da ilusão, da esperança, da dor e do amor.
O tempo parou porque te foste.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Inquietudes estranhas

Há pessoas de quem não recordo o nome, pessoas sem rosto, sem identidade, pessoas que me marcaram, pessoas que me magoaram, pessoas... matilha de gente descontente e mal amada, que desesperadamente mina o caminho que eu trilho. Há quem tente, desesperadamente, até, fazer-me sentir que nada sou, que nada valho. Pessoas que me tratam por indigente, maltrapilho, brutamontes, pré-histórico, alienado, viciado em defeitos e torpezas. Eu sempre soube que nada sou para além de mim. Eu sempre soube que o meu limite não excede o meu tamanho. Sempre soube que o mundo parece anormalmente virado contra mim. Mas também sei que, sendo quem sou, te amo. E , talvez por isso, há gente a quem não interessa que estas sementes que germinem. Há gente que, estranhamente, te afasta de mim.

O tempo

Chegou de novo o tempo
O tal tempo que lentamente passa
Onde cada segundo demora horas a passar
E um dia é uma eternidade
O tempo em que em cada minuto
A tal espada paira sobre mim
O tempo em que te vais, sem rumo definido
Sem paragens nem pontos de encontro
Sem mensagens, sorrisos, abraços
Sem sentir o teu calor e o teu odor
O tempo em que te perco sem te ter
Encontro-me assim, perdido,
Largado na inconstância de te ter tido
Parece que por um instante
Por companheira de jornada
Por confidente reconfortante
Por sonho concretizado dia a dia
Observo o tempo uma vez mais
Questiono-me sobre o que faço e o que fazer
Sobre a natureza que me prende
Sobre este ter-te sem te ter
Sobre a minha natureza e o amor que me prende a ti
E sobre esta esperança tão cheia de alma.
Sobre o sonho, a esperança, a liberdade e os afectos,
De um mundo que ousou pensar, questionar-se, inquietar-se
e que agora se aquieta por nada ter.

Sugestão de prenda

Este ano não gastes tempo a procurar algo para me oferecer.
Não te canses, nem te preocupes porque não encontraste o que procuravas... já está tudo esgotado, não têm o meu número, a cor que gosto, ...Não procures mais! Não quero que percas tempo a procurar.
Este ano não quero uma prenda... não quero um objecto. Tudo o que quero está em ti. Tudo o que quero és tu! Quero o teu corpo, os teus lábios, o teu sorriso, o teu carinho, o teu amor, o teu companheirismo, o teu gosto de gostar , gostando... quero-te só a ti.
Quero-te presente, pois é assim que estás na minha vida: sempre presente!!!

Carta ao Pai Natal

Já me disseram vezes sem conta que já não tenho idade para escrever cartas ao Pai Natal. Disseram-me que devia ter juízo - “o Pai Natal não existe”. Tantas coisas perdidas, tantos sonhos desfeitos, tantas esperanças se desvaneceram, ilusões, desilusões, ... . Mas a vida também me ensinou que nunca, nunca se deve deixar um sonho esmorecer.
Lembro que, quando ainda menino, aguardava ansiosa pela chegada da noite na esperança que algo ficasse no meu sapatinho, “roto” de tanta calcorrear caminhos. Raramente ficava algo mais que guloseimas ou as meias e cuecas do costume. Raramente aparecia algo, dentro do que pedia. Davam o que podia dar.
Claro que deixei de lhe escrever. Há tempos que nada lhe escrevo. Há tempos que nada lhe peço ... Pois acho que chegou a hora! A hora em que me atrevo a pedir. A hora em que acho que devo ser egoísta. Não vou pedir para os necessitados, para os desalojados, para os famintos, ... Vou pedir para todos aqueles que assim como eu, também o amam. Amam sem esperança, mas com esperança de realizar muitos de seus sonhos, o seu grande sonho, o seu grande amor.
Aprendi que nem sempre podemos receber o que pedimos, que aquilo que desejamos nem sempre combina com o que os outros desejam. Aprendi que é muito importante aceitar o que nos é dado, que tudo tem a hora certa para acontecer e se ainda não aconteceu, é porque não é o momento e que esse dia vai chegar... eventualmente não!
Mas como disse antes, Querido Pai Natal!
Hoje não me sinto como aquele menino crente e sonhador. Hoje estou algo magoado com o tempo que passa a correr sem nada deixar para poder recordar. Por isso meu velhinho, pega lá no teu lápis e regista
De todos os meus desejos e sonhos.
O seu presente mais especial é ... tu sabes!
Deixarei as janelas abertas, não vou acender a lareira, manterei as luzes apagadas, para que nada atrase a tua chegada com a minha “prendinha”. Por isso vem cedo ... Te espero ansiosamente!

Feliz Natal meu AMOR!!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Preciso de espaço

Sinto-me preso
Preciso de espaço para viver.
Sinto-me amordaçado
Preciso de espaço para pensar.
Sinto-me amarrado
A este carrocel louco
que gira, gira, gira... gira sempre
para voltar sempre ao mesmo lugar.
Preciso de espaço para te amar.
Preciso de espaço
Dentro do teu tempo e espaço
Preciso de espaço para entender...
Preciso de espaço
para encontrar o meu espaço
Preciso de ter o meu espaço
Para te poder ter.

Sabes...

Sabes...quando amamos alguém, quando o que sentimos está acima da nossa vontade e sabemos que não podemos fazer nada, mesmo nada, para o alterar e que parece que não se esgota esse sentimento...
Sabes...existem momentos, momentos de contacto entre dois seres, duas almas, dois corpos, que estão tão próximos, que por um instante, por um instante...são só um e não dois...Nesse momento, o que sentimos é cristalizado num instante que perdura em nós para além dele porque o saboreámos, porque passou a fazer parte de nós ...
Sabes... é assim que te sinto!

Aguarda um pouco!

Chegou!
A noite mal dormida ensombra-lhe o olhar, marca-lhe o rosto, deformou-lhe o corpo e a alma
Parece que traz o mundo às costas, um mundo de amargura, de desejos recalcados, de sonhos impossíveis de realizar.
Transborda no tom da sua voz, agressivamente agreste, rude e sarcástica
Como é possível que a noite não tenha esbatido a tormenta
"- Aguarda um pouco! - Deixa o sol, a luz entranhar-se! Deixa o dia começar dentro de ti!"
Só tens esta vida.
Vale a pena tentares vivê-la como se fosse uma iguaria suculenta
Deposita-a num prato de sobremesa, cobre-a de açúcar, adoçante, chocolate, o que te aprouver
Mas saboreia-a. Saboreia-a como se não houvesse nada para além desse momento
“-Deixa o sol, a luz entranhar-se!"
“- Deixa o dia começar dentro de ti!”

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O teu beijo

Que gesto tão íntimo é o teu beijo
Que doçura e que fulgor
Que fogo transporta
Que desejo
Que amor
Como me toca
Como me esgota
A resistência
Como me sacia
O saboreio
O devoro
Tão profundamente
Tão abruptamente
Ele escorre de ti
Lentamente
Para mim
O bebo dum trago
Até a última gota...
Que lindo é
O teu beijo.
Que estranho é
Não mata a sede
De bjs, dos teus beijos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vem.

A noite já vai longa
A cidade adormeceu
Aquietou-se finalmente
O dia não bastou para viver
Ele acorda-me do sonho
A claridade é uma maldição.
Observo a noite Através da vidraça aberta
Observo a penumbra Indefinição das coisas
Ela relembra-me que a perfeição
Não se esgota num minuto, num momento.
A noite faz-me sentir que há vida para lá da escuridão
Diz-me que se impõe recomeçar, uma e outra vez.
Tentar sempre
Porque o dia nos espera
Não o façamos pois esperar...
Não te atrases nem um instante
Porque um segundo é vida
E a tua ausência uma eternidade
Não me faças esperar pelo teu sorriso
Não me regateies os teus encantos
Sinto falta de ti
Por isso vem

Amo as coisas

Amo as coisas
O espaço e o lugar onde tu estás
O estares ali é o ser de certo modo teu,
É tornar algo inexistente
Num espaço com sentido
Num local com forma, cor e brilho
Com cheiros e aromas
E luz, muita luz.
O saber como é e onde é
Passou a ser importante
Tornou-se relevante
Porque passou a ser parte de ti
A constar das tuas recordações
Das tuas emoções
A ser um pouco teu
Amo as coisas que tu amas
Apenas porque te amo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Imaginemos

Imaginemos que este dia acabou
Que as nuvens se desvaneceram
e a chuva que caiu
Incessantemente
Parou
De repente
Um monte de estrelas
Surgiram no azul do céu
e sobre ele aquela lua imensa
enorme
Como os teus olhos
acesos e radiante
como o teu sorriso
Lindo, linda
Imaginemos que me ligas
Que dizes que sim
que esperas por mim
Que, como dantes
fizeste sinais de luzes
Na rua entre ti e mim
Façamos de conta que é noite
que a minha teia se enreda com a tua
e os teus braços me envolvem
ardentemente
carentes e desejosos
de sentir a noite
Sorris!
Dirás que imagino.
Sim. Mas que sonho bom
Que noite linda
Que linda és tu!

Fazes-me falta …

Contigo, construí sonhos de rara beleza
Contigo, descobri mundos novos
Contigo, viajei no tempo e virei criança
Contigo, enfrentei tempestades e tormentas
Contigo, naveguei pelo mar revolto em busca do sonho perdido
Contigo, subi escarpas, escalei montanhas, assaltei recantos proibidos, saltei muros e portões há tanto tempo fechados.
Contigo, fiz do meu dia um conto de fadas.
Contigo, adormeci sorrindo e sonhei acordado
Contigo, aprendi que o sonho é possível.
Sem ti, … o meu caminho é árduo, duro, sem interesse
Sem ti, a vida continua…sempre, porque assim mo ensinaste...
Sem ti...fazes-me falta...
Muita falta...

O tempo sujo

Há dias que eu odeio
Como insultos a que não posso responder
Sem o perigo duma cruel intimidade
Com a mão que lança o pus
Que trabalha ao serviço da infecção

São dias que nunca deviam ter saído
Do mau tempo fixo
Que nos desafia da parede
Dias que nos insultam que nos lançam
As pedras do medo os vidros da mentira
As pequenas moedas da humilhação

Dias ou janelas sobre o charco
Que se espelha no céu
Dias do dia-a-dia
Comboios que trazem o sono a resmungar para o trabalho
O sono centenário
Mal vestido mal alimentado
Para o trabalho
A martelada na cabeça
A pequena morte maliciosa
Que na espiral das sirenes
Se esconde e assobia

Dias que passei no esgoto dos sonhos
Onde o sórdido dá as mãos ao sublime
Onde vi o necessário onde aprendi
Que só entre os homens e por eles
Vale a pena sonhar.

Alexandre O'Neill

sábado, 5 de dezembro de 2009

A Chuva

Porque adoro esta música
Porque te adoro
Porque cada vez que te vais
....me sinto assim
Deixo-te a letra. Talvez te sirva de inspiração...
Leva-me contigo!

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem ou fazem sorrir
Há gente que fica na história, na história da gente
E outras de quem nem o nome lembramos ouvir
São emoções que dão vida às saudades que trago
Aquelas que tive contigo e acabei por perder
Há dias que marcam a alma e a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha já eu percorrera
Meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
e o fogo do amor sobre a chuva a instantes morrera
A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro trazendo a saudade

Do fado "A Chuva" - Mariza